quarta-feira, 16 de abril de 2008

Bioconstruindo Bonito 2008 gera entusiasmo coletivo

CAMPO GRANDE/MS - A energia da floresta, a água límpida dos rios, o contato direto com animais silvestres e muita vontade de aprender fizeram com que os 31 inscritos no curso Bioconstruindo Bonito 2008 vivessem cinco dias (09 a 13 de abril) de total integração e realização. O grupo foi formado por profissionais e estudantes de várias regiões brasileiras (Pernambuco, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro) que se deslocaram para Bonito/MS onde o curso aconteceu. Frases como “isso não podia acabar nunca”, “todo final de semana deveria ser assim” e “nunca esquecerei esses dias” eram expressas de forma natural e sistemática.
Um dos mais empolgados era o próprio instrutor do curso, o arquiteto holandês Johan Van Lengen. Ele e seu filho, Peter, foram os responsáveis por todo o trabalho que uniu a prática com teoria e apuro sensorial. “Nunca me vi em uma situação tão fantástica, trabalhando com um grupo harmônico em uma clareira aberta bem dentro de uma floresta”, comentou Lengen se referindo ao Ecoparque La Paloma, uma área de 35 hectares distante 8 km da cidade de Bonito onde não há energia elétrica e as estruturas são construídas com recursos encontrados dentro da propriedade.
O arquiteto holandês, que também é urbanista e já trabalhou em organismos em vários países do mundo, é considerado o “papa” da bioconstrução, uma área do saber que une, sobretudo, elementos de arquitetura e biologia utilizando-se sempre de elementos naturais. Ele é apelidado de “arquiteto descalço” em função de seu best seller “Manual do Arquiteto Descalço”, escrito no México, em 1991.
Os 31 participantes do curso passaram os cinco dias neste ambiente com apenas pequenas estruturas naturais, sem energia elétrica e demais “confortos” do mundo moderno. Eles apenas deixavam o local à noite para dormirem em um hotel, na cidade. A alimentação era feita em um fogão a lenha e com cardápio natural: torta de legumes, macarrão com brócolis, cenoura e berinjela, pastas, pães integrais, etc. Mesmo com a boa alimentação era previsível que, no último dia, saudosismos gastronômicos viessem à tona. A palavra “picanha” era uma das mais pronunciadas no domingo (13/04).
Para as necessidades fisiológicas utilizava-se um banheiro seco, estrutura de bioconstrução que não usa água e permite a reutilização dos desejos como adubo orgânico. Para um bom banho, as águas do Rio Formoso, que corta a propriedade, eram mais do que convite a um puro prazer, uma vez que o calor, durante os cinco dias, ficou na casa dos 34 graus. Para a troca de roupas foi utilizado um vestiário todo construído em bambu.
Na parte prática, os participantes aprenderam erguer estruturas com material natural, como uma parede de terra (que também leva, em sua mistura, parte de estrume de vaca), teto vivo (que mantém temperatura da casa mais quente no inverno e mais fresca no verão), cestas, ambientes de bambu, e vários outros processos. Johan Van Lengen também trabalhou a parte sensorial do grupo através de exercícios de relaxamento, autoconhecimento e de desfocagem.
“Sair de Recife para participar deste curso aqui em Bonito foi um excelente investimento que fiz”, comenta a Pernambucana e graduanda em arquitetura, Maria Eduarda Freyre M. Da Costa Lima (Duda Freyre). Ela destacou a naturalidade como as coisas aconteceram ao longo do curso: “fiquei muito impressionada com a simplicidade de Johan e Peter em passar conhecimento e também no ambiente em que tudo aconteceu; a gente fica completamente integrada à natureza“.
Essa integração passava pelo contato direto com a fauna e a flora do local. Bugios, macacos, centenas de borboletas e cobras chamaram a atenção do grupo. Observar uma Cascavel sob um tronco de madeira foi programa quase obrigatório na tarde de sábado (12/04).
O primeiro curso de bioconstrução de Bonito foi uma realização do Ybirá Pe Canopy Tour Brasil em parceria com a Associação Brazil Bonito. O apoio foi da Prefeitura Municipal de Bonito através da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio. Em função da boa procura e participação, a organização estuda a possibilidade da realização de uma nova edição, desta vez mais pontual, destacando uma técnica específica dentro da bioconstrução.


 
Fonte: Ariosto Mesquita



segunda-feira, 7 de abril de 2008

Integrantes do WWF-Holanda visitam Pantanal

Integrantes do WWF-Holanda visitaram o Pantanal entre os dias 31 de março e 4 de abril. A visita teve por objetivo ver de perto a maior área inundável do planeta e conhecer projetos de conservação desenvolvidos na região com o apoio do WWF-Brasil, por meio do programa Pantanal para Sempre. Em companhia da equipe do WWF-Brasil e de integrantes do WWF-Bolívia, os holandeses percorreram as regiões de Bonito, Aquidauana e Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
O Pantanal que os membros do WWF-Holanda conheceram é uma região peculiar não só pelas belezas naturais, mas também pelo papel que desempenha na conservação dos recursos naturais. Esse imenso reservatório de água doce é importante para o suprimento de água, a estabilização do clima e a conservação do solo e também porque é o berço de uma rica biodiversidade.
Por isso, há 10 anos, o WWF-Brasil elegeu o Pantanal como uma de suas áreas principais de atuação, desenvolvendo projetos que aliem conservação e desenvolvimento. Com o objetivo de garantir a sustentabilidade dos projetos, o trabalho é feito por meio do diálogo com atores locais, buscando estabelecer parcerias que estimulem a adoção de boas práticas ambientais e sociais.
Entre os projetos desenvolvidos na região apresentados à equipe do WWF-Holanda, está o projeto da Pecuária Orgânica Certificada, que busca influenciar os pecuaristas a adotarem melhores práticas ambientais no manejo do gado, além de organizar a cadeira produtiva da carne orgânica. O objetivo é viabilizar alternativas para harmonizar a produção de alimentos com a manutenção da biodiversidade regional, tornando-se um exemplo de uso racional de áreas alagáveis para todo o mundo.
Outro projeto de proteção do bioma Pantaneiro, é o que incentiva os proprietários de terras a criarem Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). A ação conta com a parceria da Associação de Proprietários de RPPN do MS (Repams). Na visita, os integrantes do WWF-Holanda puderam conhecer uma dessas reservas, o Recanto Ecológico Rio da Prata, em Bonito, que alia preservação ambiental com o turismo.
Os integrantes do WWF-Holanda também conheceram dois projetos de proteção de espécies, apoiados pelo WWF-Brasil. Um deles é o projeto Arara Azul, que está recuperando a população das araras na região. O outro é o Onça Pantaneira, que está estudando o comportamento das onças-pintadas do Pantanal para usar essas informações no estímulo a atividades de manejo nas fazendas, que levem em conta a conservação das onças.
Esses projetos foram mostrados durante encontro com os parceiros do WWF-Brasil, realizado na Pousada Aguapé, também parceira do Programa Pantanal para Sempre, no município de Aquidauana. Na reunião, também foi apresentado um estudo realizado pelo pesquisador Carlos André Mendes do Instituto de Pesquisas Hidrológicas sobre o uso do solo e os impactos desse uso na Bacia Pantaneira.
Em Corumbá, os holandeses conheceram o trabalho desenvolvido com a Associação Amor-Peixe, formada por um grupo de mulheres que produzem artesanato a partir do couro de peixe. Com o projeto, o material que antes era jogado fora, se transforma em bolsas, agendas, chaveiros e outros acessórios. As peças são vendidas em feiras de moda no Brasil e em outros países, gerando renda para as artesãs.
A produção do artesanato a partir de material reciclado, incentivada pelo WWF-Brasil, revela também a preocupação com a preservação do meio ambiente, aliada ao fortalecimento das mulheres e de suas famílias.
A programação de Corumbá também incluiu um passeio pelo Rio Paraguai, quando foram apresentados os projetos de educação ambiental desenvolvidos pelo WWF-Brasil e WWF-Bolívia no Pantanal. O grupo também visitou o centro de pesquisas da Embrapa.

Fonte: WWF Brasil